quarta-feira, fevereiro 28, 2007

OECUSSI. O regresso

Um luxo! Foi de helicóptero! Das mais de 200 fotografias que tirei escolho aleatoriamente estas, para vos mostrar este país, e dar conta do seu grau de urbanização. Com os pés na Terra, quando ouço falar nas capitais de distrito, até consigo imaginar como na realidade são, mas visto lá de cima, a percepção é outra! De facto uma imagem vale mesmo mais que mil palavras! Como é então Timor - Leste visto do ar? Montanhoso e verde; muito montanhoso e muito verde; linhas de água, ribeiras e cabanas com tecto de colmo e também muitas casas com tecto em zinco. (Modernices)! Só muito espaçadamente aparece uma casa em betão. De Oecussi para Díli, passando por Cova lima e Bobonaro, a paisagem é sempre esta! Em Timor-Leste não há rios! Não há mesmo! Há, isso sim, muitas ribeiras (motas, em Tétum); na época seca, ficam literalmente sem água e servem como via de comunicação; na época das chuvas tornam-se traiçoeiras. Como chove torrencialmente, o volume de água que transportam, aliado ao facto das vertentes serem muito íngremes, tornam-se violentas e perigosas. Nesta época são frequentes os acidentes mortais, para aqueles que infortunadamente não conseguiram atravessá-las a tempo, tal é a velocidade com que enchem!




Adeus Oecussi.


O verde e as montanhas As Ribeiras



OECUSSI.Ludoteca

Na casa anexa à casa dos professores, funciona uma Ludoteca – também fruto do trabalho Extra-Curricular levado a cabo pelos professores!
Aqui os meninos podem, diariamente, dar asas à imaginação! Desenham, fazem os trabalhos de casa, ou aprendem novas cantigas…em Português!



Ludoteca

terça-feira, fevereiro 27, 2007

OECUSSI.Noapai, Baqui e Oessilo

Locais onde as professoras leccionam.
Para além do trabalho com os formandos, as professoras ainda fazem, ao Sábado de manhã trabalho extra! Ensinam os meninos e meninas que vivem numa instituição religiosa, sendo a maioria deles órfãos…

Uma sala de aula em Noapai...

Ouviam uma estória: O Cavaleiro da Dinamarca.




segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Em OECUSSI fala-se Baiqueno


A Senhora da fotografia só fala Baiqueno, uma das 17 línguas faladas em Timor-leste. O Tétum, já me é familiar e consigo mesmo, por vezes, perceber o tema da conversa. Baiqueno, nunca tinha ouvido! A minha intenção de trocar algumas palavras com esta senhora, ficou gorada, à partida…valeu-me o Sr. Damião, motorista da Cooperação. Após umas breves palavras – estranhas, muito estranhas…enquanto ouvia a Sra. falar só me lembrava dos documentários que todos já vimos na televisão sobre as aldeias remotas de África – resolvi perguntar-lhe o nome e eis que tive um “encontro com a nossa história” Da boca daquela senhora saíram duas singelas palavras que eu reconheci de imediato e que de tão familiares, me arrepiaram…Filomena Ribeiro!!! Sim, esta senhora, que mora em Oecussi, que fala um dialecto estranhíssimo e que nunca daqui saiu, chama-se “Filomena Ribeiro”…ah! O cão maior chama-se “Porto” e a cadela “Boneca”! Se em Díli me sinto longe de Portugal, aqui sinto-me longe de Portugal e de Díli e talvez a imposição da distância, neste sítio recôndito me incuta esta vivência de forma mais forte e mais sublinhada, mas garanto-vos: estes episódios – porque vividos – valem por todos os volumes da nossa História!


Filomena Ribeiro.

OECUSSI.A Viagem...

Durou 15 horas e meia !!! Saímos de Díli às 17h de Segunda-feira, chegámos a Oecussi às 8 e 30H de Terça-feira.
Desconheço a razão pela qual não foi a barco habitual a fazer o percurso; dizem-se que este é bastante mais pequeno e está visivelmente em pior estado de conservação. Como na semana anterior não houve barco, esta semana estava superlotado. O mar bastante agitado, o vento frio e a chuva forte, tornaram a viagem já de si penosa, ainda mais complicada, sobretudo se vos disser que eu, e as professoras com quem viajei, não estávamos preparadas para a intempérie! A falta de espaço era notória. Quando caiu a noite, os timorenses deitaram-se por tudo o que era uma nesga de espaço. Em cima dos bancos, debaixo dos bancos, nos corredores, em cima dos caixotes (que entretanto com a chuva se espapaçaram…via a chuva a cair em cima os livros que as professoras trouxeram de Portugal, e não tinha como os proteger...) Na penumbra da noite não se conseguia perceber se o que víamos eram pessoas ou caixotes, tal era o amontoado e ambos. O ambiente era lúgubre, pobre e de silêncio. Adormecemos no chão, no corredor exterior; quando caiu a primeira bátega de água não tínhamos como sair dali e não foi fácil, nem imediata, a tarefa de conseguir um lugar no interior. Muito a custo lá conseguimos um pedacinho de tecto. Lá dentro o cenário era ainda mais assustador. Um ambiente abafado pela quantidade de pessoas por m2, igualmente deitadas nas posições mais impensáveis, qual barco da idade média, que tossiam e cuspiam para o chão…e os ponteiros do relógio que teimavam em andar devagar…muito devagar…


O cair da noite...

O amanhecer...

A chegada!!!

domingo, fevereiro 25, 2007

OECUSSI.Paisagem

Após mais uma grande ausência (sempre pelos mesmos motivos, desta vez acrescidos do facto de ter saído de Díli por motivos profissionais), deixo-vos com alguns apontamentos da viagem por alguns Distritos de Timor-Leste.


OECUSSI

Enclave. Um pedaço de território timorense que os Indonésios não conseguiram conquistar…por força da sua posição geoestratégica, os timorenses tiveram de oferecer em Oecussi, uma resistência ainda maior…qual aldeia de Gauleses!Aqui encontrei um outro Timor. A população de Oecussi não viveu esta última crise; por essa razão, ou porque simplesmente são diferentes, descobri nestes rostos uma serenidade, uma paz interior que não vislumbro em Díli.




A Paisagem.