sexta-feira, maio 05, 2006

MANIFESTAÇÃO DOS MILITARES PETICIONÁRIOS

Pouco posso acrescentar às notícias que passam em Portugal sobre a situaçao que aqui se vive. Posso talvez, falar-vos do sentimento de medo que invade os timorenses perante a iminência de um conflito. Com excepção dos mais pequenos, toda a população tem uma memória colectiva de pânico, dor, perda. Em cada família existe um trauma, um drama, uma ou mais perdas! Todos têm uma história para contar e são muitas as histórias.
Não sabemos nós, como nos fica gravado na memória, a perda de um familiar, um episódio de má memória? Agora pensam no que terá sido uma vida subjugada a torturas, pressões, perseguições, mortes, atrocidades, um, dois, cinco, dez, vinte e tal anos… fugir para as montanhas é a solução. Compreende-se. Se, de todas as vezes que se refugiaram, se salvaram, então, fugir para as montanhas é solução. Díli está semi-deserta. O comércio fechou. A grande maioria dos alunos não compareceu às aulas. As escolas fecharam. Nós, Malais, somos apanhados no meio deste pânico que se gerou; ficamos divididos, entre tentar perceber até que ponto há, ou não, razão para tanto pânico, o que saberão eles intuitivamente que nós não sabemos, qual a verdadeira dimensão da gravidade da situação.

Estas fotografias foram tiradas, da varanda do primeiro andar da Embaixada de Portugal, no primeiro dia da manifestação. Estava longe de imaginar, que alguns destes jovens militares, iam por aqui passar, enfurecidos, três dias depois e iam partir vidros e incendiar automóveis. Estava longe de saber que ia assistir a imagens de timorenses a correr pelas ruas, fugindo da confusão, dos tiros, do gás lacrimogéneo, com o pânico estampado no rosto. Estava longe de imaginar que um dia, eu, ia estar aqui, no país com o cemitério mais conhecido do mundo, pelas razões mais tristes e que iria assistir outra vez a imagens parecidas…só que estava longe, muito longe de imaginar, que volvidos tantos anos, a razão do pânico estampado nestes rostos, tem a ver com o seu irmão timorense… porque é “Lorosa’e” e não é “Loromunu” ou porque é “Loromunu” e não é “Lorosa’e”…


Em frente do Palácio do Governo
À entrada na rua que separa O Palácio do Governo da Embaixada de Portugal.





Três dias depois a passagem por aqui, não foi tão pacífica...

5 Comments:

At 7/5/06 23:51, Blogger bev trayner said...

Acordei a pensar se tu ias escrever sobre os eventos. Espero mais nóticias.

 
At 8/5/06 06:31, Blogger bisa said...

Oi miúda. De facto não percebi bem as razões imediatas do conflito, mas parece algo que ...vem de longe. Espero por mais noticias mas só espero que te salvaguardes de qualquer problema e que tudo se resolva depressa e bem.
Beijos.

 
At 9/5/06 10:14, Anonymous Anónimo said...

Espero que possa voltar em breve a pedalar sem receios por montes e vales - para seu bem e para o dos timorenses. Obrigado pelo testemunho do que se passa por aí, para além do que as notícias nos vão trazendo (e das quais eu desconfio bastante...)

RR

 
At 9/5/06 21:31, Blogger São said...

Sim...continuarei a escrever sobre a situação sempre que me seja possível ;)
...espero poder pedalar brevemente,seria um bom sinal de normalidade ;)

Obrigada pelos vossos comentários!

 
At 14/5/06 00:23, Anonymous Anónimo said...

Olá tia! ... Num dia uma cidade pacata...No dia seguinte uma cidade "enfurecida" por uns provocando o medo em outros... Melhores dias virão :) Bjocas c mts saudades

 

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