terça-feira, outubro 04, 2005







30 de Setembro de 2005-10-01

1º PASSEIO A PÉ PELA CIDADE

Fiz o percurso, a pé, desde a embaixada até ao bairro onde moro. Apesar de cá estarem muitos estrangeiros, àquela hora (por volta das 17 h), eu era a única estrangeira a percorrer uma avenida infindável. É difícil ficarmos indiferentes ao ambiente que nos rodeia. Senti-me verdadeiramente estrangeira, não no sentido comum em que usamos a palavra, mas no sentido de diferente; diferente porque afortunada, senti-me pouco confortável, porque me senti “bem vestida”, “bem alimentada”... nunca imaginei, um dia, viver um momento assim....nós que temos sempre de comprar mais qualquer coisa e que nos sentimos infelizes por não termos essa “qualquer coisa”.
As ruas estão esburacadas, fragmentadas, nos passeios encontramos buracos profundos (espero sempre vê-los a tempo de não cair, literalmente, lá dentro – têm cerca de 1 m2). São buracos a céu aberto, em baixo vêem-se as águas cinzentas e fedorentas dos esgotos. À noite é altamente desaconselhável passear a pé. A cidade não é iluminada. Andar pelas rua de Díli à noite, é o mesmo que estar num campo deserto, onde é tão escuro que se pode ver o céu estrelado.
As casas estão completamente degradadas, precisam de pintura de arranjos vários, podem ver-se buracos das balas nas paredes , um pouco por todo o sítio...é um ambiente desolador, triste....depois acontece o inesperado! No meio do nada, como por exemplo num terreno baldio , com crianças sujas, sentadas na terra, encontramos uma ouriversaria!!! Sim , impecavelmente cuidada e limpa! Mais à frente, o mundo da tecnologia, lojas com imensas aparelhagens, televisões, vídeos, DVD’S piratas. Por dois dólares posso comprar filmes recentes. “Closer”, por exemplo! Estranho isto! Ao passear na rua, posso cair directamente nos esgotos da cidade e se não cair no buraco, posso mais à frente comprar um DVD que não encontrei em Setúbal!!!
Este é o outro lado da “economia global”... todos conhecemos cidades onde há riqueza com as inevitáveis “bolsas de pobreza”; agora posso conhecer uma cidade pobre, muito pobre, onde ao virar da esquina encontro um DVD, que não encontrei no “mundo desenvolvido”.

2 Comments:

At 5/10/05 18:49, Anonymous Anónimo said...

:) já fico de consciência mais leve por não te termos oferecido o filme "closer" a tempo; assim não terias passado pela estranha experiência de passar por buracos para chegar a dvds que não achaste em Portugal ;) Bjs Gds

 
At 6/10/05 18:57, Anonymous Anónimo said...

Gostei do filme.
Sofia

 

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